domingo, 22 de janeiro de 2012

O Silêncio de Deus





Ó Deus, não estejas em silêncio; não te cales, nem te aquietes, ó Deus -  Sl. 83.1
A vida cristã não é marcada somente por situações positivas: triunfos e conquistas, há também os períodos de dor, incerteza, tratamento e, talvez, a situação de maior dificuldade de se entender ou de lidar é com o silencio de Deus! Simplesmente não há mais respostas. não há um movimento de Deus, uma palavra, um sussuro sequer, parece que Deus se afastou, que não está presente mais, não está atuando em nosso favor, nos abandonou, enfim, nada acontece!
Temos um curto período de tempo chamado primeiro amor, nesses tempos tudo vai bem, Deus nos protege com sua graça, responde quase que instantâneamente nossas orações, temos experiências rotineiras – mesmo que pequenas com Deus – somos fortes, destemidos, não ficamos uma semana sequer sem ouvir a voz de Deus, entretanto, logo esse tempo passa, então esse período horrível nos alcança: “Deus se cala”, somos levados ao desespero, então dizemos onde está Deus, o quê aconteceu? Será que estou em pecado, será juízo de Deus sobre a minha vida, isso é fruto de algum deslise? Então fazemos como Habacuque: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (Hc. 1.2).
Quanto ao sobrenatural de Deus, parece que isso virou lenda, um “conto de fadas” em nossa vida, não há um sinal, uma resposta sobrenatural às nossas orações, em nossa famílias, em nosso caráter, em nosso ministério… somos sempre secos, sempre vazios, sempre homens naturais, nada de demonstração de poder: tanto em nós como por nós! Choramos sobres as promessas bíblicas, recitamos todos os versículos que conhecemos, jejuamos, oramos, esperamos – com ou sem  paciência – e fazemos até votos absurdos na tentativa de ver apenas um movimento de Deus – somente um, um só! E nada, ele está em silêncio! Óh como dói, os olhos começam a lacrimejar, nos deparamos com nossa completa fragilidade, insignificância e impotência, o quê está acontecendo?
Quero te consolar com minhas palavras e dizer porque isso ocorre, quero que você entenda que os olhos de Deus nunca fugiram da sua vida, Ele está de contínuo te observando! Esse período de silêncio acontece, para que você se torne totalmente dependente da Sua graça, que basta Ele se afastar um segundo que você morreria e que você não pode dar uma passo sem Ele para que veja que não pode fazer nada sem Ele, absolutamente nada!
Ele permite fracassos, falhas, humilhações (fruto desse silêncio), para que você possa olhar para o céu e dizer: “Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti” (Sl.73.25). Não se preocupe com resultados, sucesso, não se preocupe em ser aceito pelos homens, não se preocupe com os números que seu ministério pode alcançar – isso te culpa muito não é? – mas Deus não está preocupado com isso, não é esse o principal propósito Dele na sua vida: “te fazer bem sucedido”. Não, absolutamente não! Ele quer te aperfeiçoar, te fazer uma pessoa melhor para Ele – e não para as pessoas e para o ministério – fazendo coisas que você não vai entender e por isso dói tanto!
Só que o silêncio não dura para sempre, terminado os  propósitos de Deus, Ele voltará a falar com você, da mesma forma que com o apóstolo Paulo, no livro de Atos, Capítulo 18: ele estava em Corinto, disputando na sinagoga acerca de Jesus e estava sendo resistido, estava confuso, estava querendo desistir e naquele momento não tinha uma direção clara do que fazer – Deus estava em silêncio – mas logo depois, Deus quebrou o silêncio dizendo: “E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.”
Assim como com Paulo, Deus voltará falar com você, trará sinais da Sua fidelidade e você verá que todo esse período contribuiu – e muito – para sua vida! Continue O buscando, se consagrando, pagando preços cada vez mais altos, pois nada disso é ou será vão.
Pr. Paulo Junior

domingo, 15 de janeiro de 2012

Restituindo a Pérola do Prazer na Oração


Lucas 18:7



INTRODUÇÃO

Crescer é um processo natural na vida de todo cristão. Quem nasceu de novo, por meio do Espírito Santo, deve crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno (2 Pe 3.18).

Assim como no crescimento físico, o desenvolvimento espiritual depende de uma boa alimentação, acompanhada de exercício espiritual, a dieta bíblica para o nosso crescimento espiritual é composta por alguns alimentos básicos. A oração é o primeiro deles. A oração produz a nutrição espiritual. Quem ora, cresce espiritualmente. Quem não ora vive na estagnação e no ostracismo.

Todos os grandes servos de Deus foram pessoas de oração. A oração é o prato principal que acompanha todos os outros ingredientes da alimentação espiritual. James Huston lamenta: "Muitos de nós reservamos tempo para nos exercitar ou fazemos dietas para manter nossos corpos saudáveis, mas recusamo-nos a encontrar tempo para a oração, para a saúde de nossas almas".

Na parábola que Jesus contou sobre o dever de orar (Lc 18.1-8), encontramos uma síntese do ensino bíblico acerca da oração.

1. O QUE E ORAR?

Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? (Lc 18.7). Este versículo ensina-nos a compreender o que é a oração. Orar é clamar a Deus.

Em seu livro "Oração: o Refúgio da Alma", Richard Foster classifica vários tipos de oração: Oração simples, do desamparado, de exame, de lágrimas, de renúncia, de formação, de aliança, de adoração, de descanso, sacramental, incessante, do coração, meditativa, contemplativa, comum, peticionaria, intercessória, de cura, de sofrimento, de autoridade e radical.

Jesus ensina que orar é clamar, pedir com insistência e determinação (Lc 11.9,10). O clamor vem acompanhado de lágrimas, sentimento de um coração aflito e necessitado. Quem sofre grita e clama por socorro (SI 40.1). Jesus praticou o clamor: Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade (Hb 5.7). A oração revela a batalha entre o meu querer e a vontade de Deus (Mt 26.38,39). Orar é render-se à vontade de Deus.

Paradoxalmente, Jesus também ensina que orar é não aceitar as injustiças da vida e do mundo como algo natural e comum. Na figura da viúva que pedia para o juiz iníquo, aprendemos que orar é uma ação revolucionária ou de inconformação. Somente os insatisfeitos e inconformados oram. A viúva não aceitou a injustiça do juiz iníquo.

A viúva sempre foi, na Bíblia, um símbolo típico dos inocentes, impotentes e oprimidos (Êx 22.22,23; Dt 10.18; 24.17; 27.19; SI 68.5; Is 10.2; Jr 22.3).

2. QUANDO E COMO ORAR?

A parábola do juiz iníquo resume uma lição fundamental: o dever de orar sempre e nunca esmorecer. Observe que Jesus fala quando e como devemos orar.

Quando: sempre, em todas as horas e circunstâncias. Orar ou clamar a Deus dia e noite (SI 55.17; 1 Ts 5.17).

Como: sem esmorecer ou ficar exausto (2 Co 4.1, 16; Gl 6.9; Ef 3.13). Orar de maneira perseverante e constante até obtermos a resposta de Deus.

W. Hendriksen apresenta cinco possíveis razões pelas quais as orações nem sempre são respondidas:
• Ensinar-nos a paciência e outras virtudes;
• Aumentar nossa gratidão quando finalmente recebermos a bênção;
• Porque Deus nos reserva uma bênção maior (Jo 11.5,6);
• Por razões que estão fora da esfera da experiência humana (Jo 1.6-12);
• E por outras razões conhecidas somente por Deus.

3. QUEM DEVE ORAR?

Na parábola, Jesus fala que o dever de orar é para os seus escolhidos (18.7). Observe que Jesus fala no plural, seus escolhidos. A oração é para todos os seus, homens e mulheres, jovens e velhos, líderes e liderados.

A Bíblia ensina que todo cristão verdadeiro foi escolhido por Deus para a salvação (2 Ts 2.13), para uma vida de santificação (Ef 1.4), para frutificar e produzir boas obras (Jo 15.16 e Ef 2.10), mas, principalmente para orar.

Os crentes debatem demasiadamente sobre a doutrina da eleição para a salvação e esquecem da eleição para oração. Os primeiros cristãos da Igreja Primitiva entenderam e praticaram a doutrina da eleição para a oração. A primeira reunião da igreja após a ascensão de Jesus Cristo foi uma reunião de oração (At 1.12-14). Quem estava naquela reunião? Uma variedade de pessoas, homens e mulheres, famílias e, principalmente, a liderança da igreja. Toda a igreja reunida em oração, de forma unânime (At 2.46; 4.24; 5.12). Eles entenderam que a vida cristã sem oração era algo impossível.

4. POR QUE DEVEMOS ORAR?

A Bíblia apresenta algumas razões por que devemos orar. Citaremos algumas, de forma pontual.

• Orar é um mandamento – 1 Ts 5.17; Mt 7.7-12
• Orar é uma necessidade – Lc 11.5-8; 18.1-8
• Orar é um privilégio – Mt 6.6; 11.25-27
• Orar é um meio de graça ou de sermos abençoados espiritualmente – Mt 26.41; Rm 8.26,27.

A razão fundamental para orar apresentada por Jesus, na parábola do juiz iníquo, é que Deus responde às nossas orações, ainda que Ele pareça demorado (Lc 18.7; SI 66.19,20; Jr 29.12,13). Em oração, o crente dirige-se a um Pai amoroso e não a um juiz iníquo (Lc 11.13).

5. APRENDENDO A ORAR?

Não devemos orar para aparecer, mas numa postura espiritual adequada. James Houston diz: "Orar é tomar a decisão de ficar sozinho diante de Deus, sem ter de jogar para a plateia ou fazer comparações que nos desviem de nosso propósito". A oração é uma posição ou postura diante de Deus, algo muito maior do que fazer ou dizer palavras bonitas e corretas teologicamente.

Veja o modelo da oração do Pai Nosso (leia Mt 6.5-13). Nesta oração devemos nos colocar na condição de filhos, de adoradores, de súditos, de servos, de dependentes, de pecadores e de espiritualmente fracos.

A oração do Pai Nosso pode ser dividida em três partes:
• Relacionamentos (Pai e os irmãos).
• Responsabilidades (honrar o nome de Deus, declarar o Seu senhorio e submeter-se à Sua vontade).
• Pedidos (necessidades diárias, perdão e livramento espiritual).

Em João 14.13,14, temos um pequeno resumo de como devemos orar:
• Orar é pedir ao Pai (v.13) – Mt 6.9; 7.11. Isto envolve humildade e submissão à vontade de Deus (1 Jo 5.14)
• Orar é pedir em nome de Jesus (v.13) – Ele é o nosso mediador (1 Tm 2.5) e somente por meio dele somos abençoados (Ef 1.3)
• Orar é pedir por tudo (v.13) – Fp 4.6. Não existem limites para pedirmos a Deus, contudo, a motivação deve ser santa (Tg 4.2,3)
• Orar é pedir com fé, na certeza que será respondido (v.14) -Jesus garante que dará resposta à nossa oração (SI 66.20)
• Orar produz resultados: a glória de Deus (v.14). Tudo que Deus é e faz é promover a Sua Glória (SI 115.1,2).

CONCLUSÃO

A oração é o primeiro alimento para o nosso crescimento espiritual. Se você deseja crescer, ore. Com certeza o Espírito Santo o ajudará (Rm.8.26,27). Seja você um novo convertido ou um crente mais velho, todos devem orar.

W. Wiersbe diz: "Uma das evidências de que uma pessoa é nascida de novo é o seu desejo de orar. Creio que quando o Espírito Santo entra no coração, o novo crente deseja orar".

 Autor: Pastor Josias Moura